Mais que um Reveillon...

XL… certamente o tamanho XL não agrada a ninguém, por vezes é sinal de que algo está a mais, podendo tornar-se incomodativo. Contudo a sigla XL nem sempre aparece associada ao tamanho de roupa. Para surpresa minha, e de muitos outros jovens, “XL” surgiu associado à palavra Reveillon: Reveillon XL.
Confesso que a palavra Reveillon foi o que mais me saltou à vista, não fosse a passagem de ano uma noite em que procuramos que tudo seja perfeito, chegamos mesmo a seguir superstições. Tudo é planeado com antecedência. Mandam-se sms’s para os amigos, escolhendo o melhor sítio onde festejar a chegada do novo ano, faz-se a lista das compras para que nada falte numa das noites mais esperadas do ano. Aguarda-se ansiosamente as doze badaladas, pois é neste momento, acreditamos “nós”, que tudo pode mudar e dizemos: “este ano vou conseguir…”, como diz o ditado “ano novo vida nova”.

Foi um pouco com base nesta ideia, de que a passagem de ano é “transformadora” e portanto tem que ser vivida de forma especial, que aceitei o desafio de participar no Reveillon XL. Parti rumo à Maia, respondi às sms de amigos que me convidavam para mais uma passagem de ano da seguinte forma: “ Desculpem este ano vou até à Maia, ao Reveillon Xl”. A reacção foi: “tens a certeza?”.

Aos poucos “XL” ia fazendo sentido, minuto a minuto a casa dos missionários Combonianos ficava repleta de jovens. Começaram-se a trocar os primeiros sorrisos, impressões, e pairava no ar a expectativa do que iria acontecer no minuto a seguir, afinal ser Jovem é ser imprevisível. Desde o primeiro dia, ainda antes de sabermos o nome das pessoas que se sentavam ao nosso lado, já éramos um grupo. Cada um de nós tinha o mesmo objectivo: partilhar a Vida por ELE.

Foi num espírito de partilha que vivenciamos o tema proposto para o encontro “ O Reino de Deus é Justiça, Paz e Alegria”. Pôr em palavras o que esta frase significa é difícil. Pois só a conseguimos perceber se a vivermos e aí deixa de ser uma pequena frase como todas as outras e passa a ser o rosto de cada um de nós. Foi entre 70 jovens que percebi isso. Aprendi com eles que não chega querermos mudar o mundo para que tudo a nossa volta corra bem, é antes de mais necessário olhar para dentro de nós e percebemos que a paz começa aí, em cada um.

Foram três dias repletos de momentos de diversão, trabalho, oração, reflexão, silêncio que tornaram a minha passagem de ano especial.
As doze badaladas até foram esquecidas (afinal são só doze segundos esperados com expectativa), nada que se compare com os três dias por nós vividos. Também não foram necessários estes doze segundos para que sentisse que tudo iria mudar e que “este ano vou conseguir”, esta afirmação não tem em vista projectos que todos os anos se traçam num momento de euforia. Dizer e acreditar nisto, é possível quando à nossa volta existem jovens que, embora diferentes, sabem que é necessário “fazer ouvir a palavra da verdade, para que na Terra germine o Amor que Deus nos tem”. Agora, de volta à rotina, às perguntas “como correu? Rezaste muito?” eu respondo com um sorriso, um brilho especial no olhar acompanhado de uma simples afirmação “Foi um Reveillon XXXL, o melhor reveillon de sempre e tenho a certeza que fiz a melhor opção”. Como não posso referir o nome de todos os 70 jovens que fizeram a minha passagem de ano especial repleta de Paz acrescento um X por cada um de vós, Reveillon XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXL

(Para a próxima quando vir XL não se assuste, nem tudo é, o que parece!)

Zélia Patrício (Leiria)