terça-feira, outubro 02, 2007

"Embriaga-te"


E se, alguma vez,

nos degraus de uma escada,

sobre as ervas verdes de um campo,

na solidão morna do teu quarto,

tu acordares com a embriaguez atenuada

e te sentires quase tão sóbrio como todos os sóbrios,

então, pergunta ao vento, à onda, à estrela, à ave,

pergunta a tudo o que passou,

a tudo o que murmura,

a tudo o que gira,

a tudo o que canta,

a tudo o que fala;

pergunta-lhe que horas são…

E se escutares com atenção,

se encostares o ouvido ao lado de dentro

de tudo o que faz barulho,

tudo te responderá:

- “São horas de te embriagares
aaa
Para não seres como os escravos
a
martirizados do tempo e das existências sem sentido

embriaga-te sem descanso.
a
Com vinho, com poesia, ou com DEUS!

Escolhe tu, mas embriaga-te…”


(Ch. Baudelaire, poeta do séc XIX – adapt.)

1 comentário:

Anónimo disse...

Lindissimo. Gostei muito Sérgio.

Madalena.