Quando se avizinha uma mudança, sentimo-nos inseguros e amedrontados. Todos sabemos
como o diferente e o novo nos assustam. Assim foi comigo, quando o Padre João Costa me convidou para viver a Páscoa na Lamarosa/ Erra -Coruche. Não que fosse uma experiência nova para mim, mas porque teria que deixar o meu conforto, o descanso tão desejado, depois de um período longo de trabalho,
e o afecto da família e dos amigos, para partir.Hoje agradeço ao Padre João Costa a sua insistência e a confiança em mim. Agradeço por não me ter deixado dizer não.
Cheguei à Lamarosa na quarta-feira à tarde. Estava a haver ensaio de flauta com as crianças. Uma actividade recente, dinamizada pela irmã Cândida. E que mulher de Deus! Com uma coragem e uma força! Agarra-nos pelo pescoço, dá-nos dois beijos e duas bofetadas bem carinhosas que nos fazem estremecer e acreditar que em serviço não há tempo para dúvidas. É que o tempo urge!


Era o momento para nos conhecermos e para realizarmos os primeiros contactos. [já estou a falar na 2ª conjugação – éramos nós, sim. Eu (Setúbal), a Sandra (Viseu), o João (Viseu) e a Márcia (Aveiro)]. Conhecermos as pessoas, os espaços, os lugares, os cheiros, as cores. Era o momento ideal.
Quando olhamos para dentro da nossa paróquia raramente conseguimos ver progressos e evolução. Na maior parte das vezes, observamos aspectos negativos e rapidamente nos desmotivamos. Porém, os SINAIS DE VIDA, são tantos, vistos pelos outros, que estão de fora. Era o meu caso.
E eu vi tanto destes sinais.Nas pessoas que nos acolheram e receberam em suas casas de forma tão generosa, disponibilizando tudo para que nos sentíssemos bem-vindos.
Nas crianças, que dia a dia estavam connosco para ouvir falar de um Deus a quem chamamos Paizinho e nos quer perto, aprendendo de Si.
No Centro de Dia, com os que
já lutaram tanto na vida e
hoje, na sua maioria sozinhos só precisam de novos sentidos e de amor para prosseguirem. Sem saberem, acabam por mexer connosco e transformar as nossas vidas. Juntos sorrimos, cantámos, dançámos, brincámos, conversámos, partilhámos tantas histórias, falámos de Jesus e da sua Paixão. Nas famílias; casais fantásticos que servem a Cristo, lavando muitos pés.
Nas famílias; que só tentam sobreviver, face às constantes adversidades que se lhes vão colocando.
Nos jovens que põem os seus dons a render, utilizando a sua inteligência e força em prol dos que mais precisam.Nas comunidades vivas que acolhem, sem nada querer em troca.
No Jesus menino, assustado, que encontrámos na noite do silêncio, na
beira da estrada e que só precisava ser amado.É assim que a minha vida ganhou mais alegria nesta Páscoa. E é assim, com os sentidos bem atentos que descobrimos sinais de Vida nesta vida.
Tenho a certeza que quando damos, recebemos muito mais.

O regresso a casa, aconteceu na madrugada de domingo e até vos posso cantar: “ Transbordando, transbordando, meu coração cheio, transbordando.”.
Com amizade,
Mª Madalena Vieira.
Páscoa 2007
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